“A invenção da infância” foi tema de palestra na Faculdade Master

No dia 05/10, a Faculdade Master recebeu a Profª Raquel Rocha, para discutir um assunto muito interessante, “a invenção da infância”. Raquel iniciou sua apresentação, explicando a origem da palavra infância, que é infant = sem voz.

Segundo ela, até o século XVIII não havia infância, haviam crianças que eram considerados “mini adultos”, e que muitas vezes eram tratadas com negligência por parte dos pais, uma vez que os pais alimentavam as crianças com alimentos impróprios, ou até mesmo pelo descaso em relação à amamentação, por não ser algo considerado bonito.

“Na época as famílias eram muito grandes, muitas crianças nasciam fazendo com que seus pais as tratassem com certa indiferença. Por exemplo, quando uma criança morri, não existia a sensibilidade da perda afetiva, os pais tinham o pensamento que poderiam fazer mais filhos e aquele que havia morrido era apenas mais um, pois não havia um afeto acentuado de pais para filhos”, afirmou.

De acordo com Raquel Rocha, uma marco importante da mudança desse cenário se deu com o surgimento de Phillippi Airè, historiador e medievalista francês, que decidiu estudar a razão de tantas crianças da época serem traumatizadas. “Phillippi Airè percorreu toda a Europa procurando e estudando sobre os sofrimentos das crianças, e começou a perceber que era algo muito recorrente, principalmente, o abuso infantil, levando o historiador, com base em suas pesquisas, escrever o livro ‘História social da criança e da família’, onde ele relata algumas histórias”.

Uma grande contribuição para esse estudo sobre infantilização veio de uma brasileira, conhecida como Sandra Mara Corazza, formada em Filosofia e Mestre em Educação, responsável pela realização de diversos estudos, que redundaram na publicação do livro “A história da infância sem fim”, onde relata cartas, e explica o porquê de tudo aquilo ter acontecido com as crianças. “A autora foi uma das maiores incentivadoras da proteção à infância, dedicando parte de sua vida defendendo que a criança deve ter direito de ser feliz, e ser protegida de qualquer tipo de violência que venham trazer traumas”, destaca.

Na sequência, Raquel  falou sobre as histórias de “contos de fadas” e um pouco de suas origens, pois todos os contos que hoje conhecemos vieram na verdade de “lendas urbanas” que eram contadas para as crianças, porém a maioria dos lendas eram de teor sexual e violência abusiva. Porém, no século XIX, a Igreja começou a procurar pessoas capazes de transformar as lendas urbanas em histórias decentemente aceitáveis às crianças.

Nesse cenário, surge Richard Andersen, um dos principais autores adaptadores de lendas urbanas para “contos de fadas”, e não somente ele, mas os famosos Irmãos Grimm, que também tiveram grande reconhecimento por transformar as lendas urbanas em contos de fadas, com lições de moral e conceitos relacionados a valores humanos fundamentais. “Dessa forma, as crianças passaram a ter acesso a um tratamento mais humano, com histórias que permanecem até hoje e fazem parte da formação de muitas pessoas”, afirma.

Ao fim da aula a professora falou algumas curiosidades em relação ao contos e coisas do nosso cotidiano, como por exemplo, o fato da literatura infantil ter dido criada e se popularizada, pela falta de materiais didáticos adequados às crianças. “Nessa época,  as crianças que iam estudar nas igrejas faziam estudos em ‘atas de cartórios’, mas os padres e freiras começaram a perceber que não estava sendo um estudo de acordo com a idade das crianças, e então passaram a usar os ‘contos de fadas’, como forma de ensinar de maneira lúdica e didática”, finalizou

Felipe Chagas

Leandro Machado